A banda cearense Selvagens à Procura de Lei, que carrega mais de 15 anos de história, e trouxe o discurso político de volta ao rock nacional, inicia nova fase com álbum novo, turnê nova e novos integrantes.
O primeiro show da turnê “Pra Recomeçar” acontece nesta quinta-feira (15) em Mossoró. A banda pernambucana Mombojó abre o show na Cervejaria Cabocla a partir das 20h. Selvagens está programada para subir ao palco às 22h. O álbum “Y”, lançado em 9 de maio deste ano, foi anunciado como “o trabalho mais visceral da carreira”. “Eu acho que essa abordagem visceral é minha, é bem minha, não só como baterista, mas como produtor musical, e se não fosse pra fazer uma coisa sincera, genuína, sem querer imitar ninguém…”, conta Matheus Brasil, baterista da banda.
Em meados de 2024, a banda Selvagens à Procura de Lei entrou em um período de crise interna que culminou em uma separação entre seus integrantes fundadores. A formação da banda estava estável desde 2009, mas em janeiro de 2025 foi anunciada a nova composição: Plínio Câmara (guitarra), Matheus Brasil (bateria) e Jonas Rio (baixo), todos músicos de Fortaleza. Gabriel Aragão (guitarra, teclado e voz) foi o único que se manteve.
O processo de ruptura da formação anterior da banda se deu em meio à construção do álbum “Y”. Gabriel conta que estava compondo o disco junto com Matheus quando percebeu que esse era um álbum do Selvagens. “Chamei o Matt para poder começar a produzir essas canções. Tem quatro canções no disco que são mais antigas, mas tem essas outras novas. A gente fez muito mais, na verdade. Tem muita canção aí que está meio que semi-produzida, já esperando a luz do dia também no futuro próximo. Mas acabou se desenhando um disco do que era urgente de ser dito.”, explica.
O rock funciona para a banda como uma expressão das emoções básicas. “Tô com raiva, então mete um rock ali. Tô triste, mete um rock. Essas coisas que não precisam de muita complexidade, não precisa gerar muita lâmpada, direto ao ponto. O rock é muito bom nesse sentido.”, expressa.
A vinda dos novos integrantes aconteceu de maneira natural, com o álbum pensado, sonoridade definida, só foi necessário juntar os talentos que já figuravam a cena indie e rock há um bom tempo. “Por acaso, conheci o Plínio… A gente se conheceu já trocando uma ideia sobre política e tal. Eu queria manter músicos fortalezenses na banda, não queria muito sair daí. O Matt, nem se fala, do Projeto Rivera e, através dele também conheci o Jonas que depois que a gente teve as primeiras conversas gente viu que o Selvagens e a banda dele, “Left Inside”, esteve junto nos primórdios, lá em 2010, a gente tocava junto em vários locais.”, explica Gabriel.
A nova formação manteve o nome original da banda, com Gabriel se apresentando como vocalista, guitarrista e responsável criativo pela nova fase. A decisão de seguir com o nome gerou reações mistas entre os fãs, especialmente os mais antigos, que aram a dividir opiniões sobre a legitimidade dessa nova encarnação da banda. Diante disso, Gabriel acredita que é questão de tempo até os fãs se acostumarem com as recentes mudanças. “Tem muita gente aí que se sente órfão, se sente viúvo, mas que aos poucos vai vendo como é que são as coisas. Então, não foi nenhuma decisão precipitada, isso que eu quero dizer. Foi tudo muito genuíno do coração, sabe?”, desabafa.
Nessa nova fase, e em turnê, que ará por várias partes do Brasil, Plínio não esconde a ansiedade de escrever esse novo capítulo da banda. “Eu já tô me divertindo bastante. Tô doido pra tocar, na verdade, quero chegar mais tarde pra fazer esse som.”